sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Fora de casa


Quantos compassos me separam de sonhar?Qual a distância da mais tensa dissonância da mais bela resolução?Quantos acidentes eu posso evitar e naturalmente conhecer a melodia, sem bequadros?
O fato é que o meio me desloca, o ar me sufoca, e nesse meio de muitas vozes eu simplesmente me calo. O medo, a hesitação, a dúvida, a não compreensão do “porque estar aqui”, faz com que eu queria sempre correr, (fugir) pra dizer a verdade.
A minha voz tímida, calada, sufocada pelas outras, meu olhar perdido tentando encontrar a anacrúse, para assim poder me achar, sonhando, quem sabe, ouvir, ver e sentir essa cadencia ser revolucionada.
O “engraçado” é que no meio de tantas mentes, eu me sinto incompleto e perdido, mas me recuso a me envolver, não com elas, mas com o que chamo de “a Amante”. É como se um parte de mim, ou meu “eu” todo, estivesse numa luta contra si mesmo, esmurrando o próprio corpo, sufocando a própria voz, não a da fala, mas a da alma.
Eu realmente não sei quanto tempo eu vou ficar fora de “casa”. Tenho minhas esperanças de voltar aos braços de minha Amada, e assim reaver o tempo perdido, e junto dela ecoar pelo tempo e espaço, afinal de contas, com ela me sinto seguro, completo e inteiramente feliz.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Acreditar...


Perdido no meio de perguntas, muitas delas sem respostas, vejo-me enfurnado entre meus devaneios viscerais.
Penso sobre no que acreditar, sobre metas, sonhos e desejos. Esses desejos compõem meu corpo? O que é um corpo?  Isso me faz ser humano? O que é “SER” humano? O que é uma sociedade?
Gosto de pensar na sociedade como um corpo, e vice-versa, cada parte um com sua função, com seu “por que” específico de está ali, uma razão exata. Muitas vezes acabamos sofrendo uma fratura ou ferimento. Quando criança, eu lembro que escondia os machucados, para não ter o mertiolate ardendo em meus joelhos magros e tortos, sem saber que esses ferimentos precisavam ser tratados. E ao recordar isso aprendo algo: muitas vezes o corpo da sociedade tenta ignorar os ferimentos que existem por seu corpo, tentando mascarar uma utopia de vidinha perfeita, quando o que existe na verdade é um pedaço de pano que cobre as feridas, tais como mendigos, traficantes, prostitutas, escondendo assim um problema muito maior, um problema que não começou nas ruas, mas sim nas salas de aula, ou melhor, na evasão delas.
  Certa vez me perguntaram se eu desejaria servir ao meu país, no exército. (risos). “Francamente senhor”, respondi e continuei. O senhor quer que eu sirva meu país, quando ele não serve no básico ao seu povo? Que tipo de patriotismo é esse? Um patriotismo ufanista e utópico que beira a estupidez? É isso que o senhor quer me propor?Eu até poderia servir as forças armadas, se o senhor pudesse mudar a realidade de pelo menos 10 crianças de rua, ou dar um trabalho digno a um pai, que não tem como se sustentar, nem como sustentar sua família, mas como eu sei que o senhor não irá fazer isso, prefiro não me envolver com seu trabalho. Quero fazer o meu para cumprir a minha parte. E se lhe resta alguma dúvida da minha opinião quanto a sua pergunta, minha resposta é NÃO. Confesso que desde então não sou bem vindo por lá, (como se isso me importasse), enfim.
 Não quero aqui expor um discurso utópico sobre mudança e dignidade social e blá blá blá, mas quero  trazer, “retrazer” e talvez refazer, um conceito que na verdade todos temos, que é : o destino de uma sociedade, o destino de um corpo, só pode ser construído sobre os pilares da educação, DE QUALIDADE; assim se constrói o ser. Dar a ele um meio de ter sua dignidade é dar a ele o poder de escolher aquilo que ele crê ser melhor pra si, dando esperança de dias melhores. 
Um corpo é composto, assim acredito, da parte biológica, e por sua mente e dentro dela o seu desejo de viver, um sonho, uma motivação verdadeira que o motive a ir pra frente, as vezes isso pode ser algo ou alguém, e o fato de lutar por algo, e pensar nisso me faz um humano, não por querer algo. Mas por pensar. “Cogito ergo Sun”, afinal de contas o pensamento é uma porta que abre muitas possibilidades, possibilidades estas que surgem nas nossas mentes, esperando ganhar forma no real, deixando assim de ser simples desejos, para se tornarem fatos concretos.
 Engraçado que essa porta (o pensamento) tem uma chave, que é a educação. O fato é que precisamos, (como diria Teatro Mágico): “não acomodar com o que incomoda”.