Suas
integrais, confesso, cansam-me a vista. Suas derivadas de umas derivações
advindas de outras questões são mais problemáticas em suas pequenas porções.
Não quero
a frieza de teu cálculo, ou o giro do te compasso. Não quero teu desenho
perfeito. Mesmo que seja o mais técnico. Não quero uma racionalidade que mata
os pequenos prazeres. Não quero a distância de saber que está ali. Não quero
teu pranto, nem dor, tricotando tecidos de pouca cor. Não quero uma rotina que
não tem faz bem. Não quero teus olhos opacos, teus sorrisos distantes e teus
toques atroantes.
Eu quero
a síncope de samba num bater compulsivo de emoção, um compasso de pausa que
simplesmente nos faz estender a mão. Talvez um compasso só de percussão, pra me
lembrar que aqui ainda bate um coração. Eu quero as harmonias francesas sob
nossos pés. Em meio de abraços. As canções que embalam a alma para além de
notas e fórmulas. Eu quero a liberdade de sentir-me preso. Numa capacidade de
poder mudar meu andamento com um simples olhar. Eu quero o primeiro toque de
piano, na cozinha com você o degustando. Eu quero-te mulher, amiga e menina,
assim como sei que és. Quero ver meu canto te desatinar te lembrar sobre a existência
de um terceiro céu, longinquamente adornado e preparado para onde poderemos nos
transportar sempre que desejarmos. Quero minha boca ao teu ouvido cantando
Vinícius, Schubert, Chico, Debussy, Tom,
Fauré. Os de costume. Gerando os sorrisos, olhares e toques que sempre amei
reconhecer.
Mas não
quero sua engenharia. Não! Não! Não! Não quero seus esquemas que beiram um
estado de apoteose quântica. Quero sua simplicidade romântica. Mas quero que, por favor, deixe essa engenharia fora do nosso
amor.